segunda-feira, 9 de julho de 2012

REVOLTA CONSTITUCIONALISTA - OUTRA VISÃO


 Dia 9 de julho é comemorado pelos paulista, pois foi neste dia no ano de 1932 que os mesmos se rebelaram contra o governo federal, o Estado Provisório de Getúlio Vargas. Alguns pedidos de alunos do Ensino Médio me fez pesquisar sobre o tema e escrever sobre os fatos e mostrar meu olhar que na verdade é o olhar de muitos historiadores. O assunto é um fato histórico nacional mas quando se mexe e coloca em jogo alguns aspectos contrário aos paulistas, se torna polêmico. Como Marc Bloch nos mostrou, vamos relembrar o fato e tentar opinar do presente ao passado, até porquê a história é a ciência dos homens no tempo. Esta "Revolução" (termo usado por alguns livros, mas que no meu entendimento não se encaixa neste momento da história, pois não houve mudança) de 1932 aconteceu em São Paulo e foi uma insurreição contrária ao novo quadro político que se instaurou no país após a Revolução de 1930.

       Vamos aos fatos: as elites paulistas, as classes mais favorecidas pelo sistema que vigorou na Primeira República, almejavam, com essa agitação, reaver o domínio político que haviam perdido com a Revolução de 1930. Além deste fato, a demora do governo provisório de Getúlio Vargas em convocar a Assembléia Constituinte suscitava muita insatisfação, especialmente no Estado de São Paulo. No começo do ano de 1932, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Democrático (PD) lançam uma campanha a favor da Carta Constitucional do país e do término da interferência federal nos estados.

    A repercussão popular é grande, o sentimento de patriotismo (manipulação) brota nos corações paulistas, tornando mais forte o ideal de liberdade e a disposição de se lutar por ele. No dia 23 de maio de 1932, durante a realização de um ato político no centro da cidade de São Paulo, a polícia coíbe os manifestantes, ocasionando a morte de quatro estudantes. Em homenagem a esses quatro jovens, o movimento passa a chamar-se MMDC – iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, os mortos – e amplia a base de apoio entre a classe média. Em 9 de julho começa a rebelião armada (Talvez o melhor termo a ser usado), está deflagrada a Revolução Constitucionalista. Um grande número de civis ingressa espontaneamente no corpo de infantaria e é transferido para as três grandes frentes de batalha, no limite entre Minas Gerais, Paraná e Vale do Paraíba.

      O Estado se mobiliza, milhares de pessoas de todas as classes sociais doam pratarias, jóias e alianças para ajudar financeiramente a revolução e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp – incumbiu as empresas brasileiras de fabricar armamento militar. Organizações civis forneciam fardas, auxílio, alimento e ajudavam na inscrição de voluntários. Todo o Estado, unido, trabalhava com garra para a vitória da causa paulista.

     Os comandantes militares, Isidoro Dias Lopes, Bertoldo Klinger e Euclydes Figueiredo, no entanto, sabiam que as forças federais eram superiores. Eles contam com a união e a ajuda garantida por outros estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Mas o apoio não chega, e São Paulo é cercado pelas tropas legalistas. Após ajustes, envolvendo indulto aos rebeldes e facilidades para o exílio dos líderes civis e militares do movimento, os paulistas anunciam sua rendição em 3 de outubro de 1932.

      Expondo este acontecimento, não estou aqui defendendo os paulistas e nem mesmo o Estado de Getúlio, ser contra e se rebelar a um estado ditatorial é sem dúvidas, digno das minhas palmas. Não se pode aceitar que um sistema ou estado divulgue seus métodos cruéis e nada se faz contra. A luta contra a opressão deve viver, acredito que com a luta de todos, podemos mudar algo. Mas em São Paulo em 1932, não se pode falar em uma Revolução, não queriam uma mudança, e sim poder, que aliás se voltarmos na história, eles, os paulistas perderam na Revolução de 1930. Eles só queriam poder de volta, e é lógico que estou falando da elite paulista. E como já vimos durante toda a história, a população foi manipulada. Lembram da Independência? Dos Caras Pintadas? Podia ficar aqui citando vários episódios do mesmo objetivo. Se deve sim comemorar essa data, pois existiram combatentes, mortes, heróis e com isso escreveram se na história nacional. Somente isso. Não a mais nada há comemorar, até porquê a mesma elite que comandava na época deixou descendentes que reinam no estado, estado este que compara como um país dentro do Brasil.